Pfizer previne mais de 95% dos casos graves após duas doses
Publicado em 5 de maio de 2021
Duas doses da vacina da Pfizer/BioNTech são capazes de fornecer mais de 95% de proteção contra casos de infecção, hospitalização e morte por Covid-19, segundo o primeiro estudo a avaliar a efetividade da dose dupla do imunizante em um contexto de vacinação em massa. Publicada no periódico The Lancet na quarta-feira (5), a análise utilizou dados do Ministério da Saúde de Israel, país onde mais de metade da população já foi completamente imunizada contra o novo coronavírus.
Com cerca de 9 milhões de habitantes, Israel foi um dos primeiros países do mundo a iniciar uma campanha de vacinação contra a Covid-19, que teve início no dia 20 de dezembro de 2020. Até o dia 3 de abril de 2021, período-limite considerado pela análise, 72% das pessoas com mais de 16 anos e 90% dos maiores de 65 anos já haviam recebido as duas injeções da Pfizer/BioNTech – a única administrada no Estado judeu –, o que equivale a mais de 5 milhões de habitantes.
Durante o período da investigação, de 24 de janeiro a 3 de abril de 2021, a cepa mais prevalente entre os casos da doença no país foi a B.1.1.7, também conhecida como variante do Reino Unido. Considerada mais transmissível, ela representava 94,5% das amostras coletadas por meio de exames de PCR em Israel. Mas, segundo o estudo observacional, a cepa não impediu que o imunizante fornecesse proteção de 95,3% contra a infecção pelo novo coronavírus e reduzisse em 96,7% o risco de morte pelo patógeno no intervalo de sete dias após a segunda dose.
A vacina também se mostrou altamente eficaz em proteger contra a evolução da doença: reduziu em 97,2% a hospitalização em geral e em 97,5% as internações por casos graves – inclusive entre os idosos. Em pessoas com mais de 85 anos, passados sete dias da administração da segunda dose, o imunizante forneceu 96,9% de proteção contra hospitalização, além de reduzir em 97% o risco de morrer e em 94,1% a possibilidade de contágio.
Na faixa etária dos 16 aos 44 anos, o produto evitou o óbito em 100%, reduziu a hospitalização em 98,1% e diminuiu em 96,1% os casos de infecção. O imunizante também evitou infecções sintomáticas e assintomáticas em 97,0% e 91,5%, respectivamente.
De acordo com o estudo, ainda, os níveis de proteção observados entre sete e 14 dias após o recebimento da primeira dose, apesar de relativamente altos, foram consideravelmente menores em comparação à segurança conferida pelas duas injeções: 57,7% contra infecções, 75,7% contra hospitalizações e 77% contra morte. “É possível que uma única dose do imunizante forneça uma janela de proteção mais curta do que duas doses, principalmente em um ambiente onde novas variantes do Sars-CoV-2 continuam surgindo”, alerta o documento.
As correlações observadas entre a queda de casos de Covid-19 em Israel e os períodos onde se observou alta taxa de vacinação para cada faixa etária também sugerem que o programa de imunização em massa – e não só o lockdown iniciado em 27 de dezembro de 2020 – foi fundamental para o controle da pandemia a nível nacional, especialmente entre os idosos.
Isso porque, até meados de janeiro de 2021, o número de infecções pelo novo coronavírus entre pessoas com mais de 65 anos continuou a aumentar, até que, à medida em que a segunda dose começou a ser administrada no país, os casos diários caíram de 55 para cerca de 30 a cada 100 mil em 7 de fevereiro, data que corresponde à primeira fase de reabertura no país. Conforme mais cidadãos recebiam as duas injeções do imunizante, padrões semelhantes também foram identificados em todas as faixas etárias.
O estudo considera que pesquisas futuras com foco na eficácia da vacina da Pfizer-BioNTech a longo prazo terão um papel vital para a maior compreensão de seu potencial no combate à Covid-19. Além disso, considerando os diferentes cenários da pandemia observados mundo afora, os autores alertam para que os países tenham cuidado ao generalizar os dados observados em Israel e sugerem a realização de análises semelhantes em outras regiões.
Mas os dados relatados no Estado Judeu não deixam de trazer esperança – e reforçam o papel central da vacinação em massa no enfrentamento da Covid-19. “Tomados em conjunto, essas descobertas sugerem que a alta absorção da vacina pode conter significativamente a pandemia e oferecer esperança para o eventual controle do surto de Sars-CoV-2 à medida em que os programas de vacinação aumentam no resto do mundo”, conclui a pesquisa.
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