Para conter cepa indiana da Covid-19 Brasil terá que implementar barreiras sanitárias
Publicado em 22 de maio de 2021
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou no sábado (22), que o governo vai implementar barreiras sanitárias em aeroportos, rodoviárias e rodovias para conter a entrada da variante indiana da Covid-19.
Os primeiros casos foram identificados no Maranhão, e a primeira medida anunciada pela pasta será de enviar 600 mil testes rápidos para o estado com o objetivo de acompanhar uma possível disseminação da nova variante. Os testes devem sair de Guarulhos ainda no domingo e chegarão no final da tarde.
De acordo com o ministro da Saúde, os passageiros que passarem por aeroportos ou pelas fronteiras do estado precisarão fazer o teste rápido.
— Qualquer passageiro que tiver teste rápido positivo fará RT-PCR com a pesquisa também genômica no intuito de detectarmos a possibilidade da variante indiana. Estamos atentos também a possíveis casos que podem surgir em outros estados, e a conduta será a mesma — explicou Queiroga.
Rodrigo Otávio Cruz, secretário executivo do Ministério, explicou que a pasta está seguindo uma estratégia de busca ativa dos casos.
— A ideia é que a gente faça uma busca ativa em locais de circulação e pontos de saída buscando pessoas sintomáticas e assintomáticas — disse.
Queiroga disse também que não há indícios de transmissão comunitária da variante indiana, mas que a pasta faz monitoramento.
— Mas antes da vedação dos indianos no Brasil chegavam pessoas da Índia. Estamos buscando tudo isso para avaliar esses casos e conter uma possível transmissão comunitária desse vírus — afirmou.
Os testes serão feitos em locais de circulação de pessoas e pontos de saída, como rodoviárias, aeroportos e rodovias, neste último caso, em parceria com a Polícia Rodoviária Federal.
Ônibus e carros que tiverem o Maranhão como origem também serão monitorados no Terminal do Tietê, em São Paulo, e nas rodovias Fernão Dias e Dutra.
O processo vai funcionar da seguinte forma: o viajante vai fazer um teste rápido de Covid-19. Se der positivo, será submetido a um RT-PCR, que tem uma precisão maior para o diagnóstico. No caso de um segundo resultado positivo, essa pessoa precisará ser monitorada e isolada por10 dias.
No caso negativo, os passageiros receberão orientação de formas de prevenção e detecção de sintomas.
O vírus do caso positivo será coletado como parte do monitoramento genético para descobrir qual a variante.
A decisão foi anunciada após uma reunião do ministro com o secretário de Saúde da cidade de São Paulo, Edson Aparecido, na manhã de sábado. No encontro, o secretário sugeriu um plano de ações que incluía a instalação de barreiras sanitárias e triagem de pessoas provenientes do Maranhão e da Argentina, onde a nova variante já foi identificada.
O ministro citou esse encontro durante a entrevista coletiva, e disse que também conversou com o secretário de Saúde da cidade do Rio de Janeiro, Daniel Soranz.
O secretário executivo do ministério afirmou que a ideia é que essa estratégia se expanda para outros municípios.
— As equipes de saúde farão uma triagem dos passageiros, dos grandes equipamentos de movimentação de pessoas. A gente vai buscar as pessoas sintomáticas e assintomáticas para fazer o teste, em caso de resultado positivo se isola e vai investigar pra ver se o vírus corresponde a uma variante indiana.
O Brasil chegou a suspender voos da Índia na semana passada, após recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Voos de origem na Inglaterra, Irlanda do Norte e África do Sul também estão suspensos porque a variante também foi identificada nesses países.
O ministro afirmou que a distribuição dos 2,4 milhões de testes que a pasta tem vai começar com prioridade no Maranhão, devido ao caso da variante indiana, e também a regiões de fronteira e aeroportos.
Na segunda-feira, haverá reunião com representantes do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais e Municipais de Saúde (Conass e Conasem) com a pasta para definir parâmetros para a distribuição mais ampliada de testes.
Ao ser questionado mais de uma vez, Queiroga se negou a dizer o motivo da saída da infectologista Luana Araújo, anunciada há 10 dias como secretária especial da Covid-19, departamento criado por ele na pasta para centralizar as ações. Ele negou haver pressões do Palácio do Planalto para que a nomeação não se concretizasse, já que a médica já tinha se manifestado anteriormente contra remédios como cloroquina, sem eficácia comprovada para a Covid-19.
— Não tem pressão do Palácio do Planalto. Esse é um assunto que considero encerrado. A doutora Luana é uma excelente médica e nós vamos buscar um perfil semelhante ao dela para trabalhar conosco.
Ao ser perguntando novamente sobre o motivo da saída, ele foi ríspido:
— Já falei acerca da doutora Luana. É um assunto que considero encerrado. Não vou mais abordar esse assunto.