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12 DE FEVEREIRO DE 2025

  • Aracaju

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, apresentou um ambicioso e abrangente pacote de US$ 2,3 trilhões em investimentos do governo federal em infraestrutura, a serem acompanhados por um aumento de impostos para empresas.
A medida visa dar um passo importante para remodelar a economia dos Estados Unidos, com um maior papel econômico para o Estado. Os gastos em infraestrutura objetivam simultaneamente valorizar o trabalho e combater as mudanças climáticas. Os investimentos abrangem desde obras em rodovias e assistência a famílias ao desenvolvimento de novas tecnologias, de olho na competitividade chinesa.
O plano, apresentado poucas semanas após a aprovação do pacote de estímulo fiscal de US$ 1,9 trilhão para recuperar a economia devastada pela pandemia, deve enfrentar uma resistência feroz de republicanos no Congresso, onde os democratas detêm maioria mínima em ambas as Casas.
Lideranças republicanas já afirmaram que, no lugar de incentivar a economia, os aumentos de impostos acabarão por enfraquecê-la. A medida foi apresentada por Biden como o mais musculoso pacote econômico do governo americano desde a década de 1940.
— Este não é um plano que se limita a detalhes. É um investimento único em uma geração nos Estados Unidos. É o maior investimento americano em empregos desde a Segunda Guerra Mundial — disse Biden em um discurso em Pittsburgh, Pensilvânia, onde ele lançou sua campanha há dois anos. — É grande, sim. É ousado, sim. E nós podemos fazê-lo.
Segundo um funcionário do governo, o plano foi apresentado porque é “importante demonstrar neste momento que os Estados Unidos e as democracias podem atuar pelo povo”. Em um contexto pós-Trump e pós-pandemia, o plano “revitalizará o imaginário nacional” e irá “imediatamente empregar milhões de americanos”.
Biden vinculou o plano à capacidade de os Estados Unidos se tornarem competitivos frente à China e a autocracias. Fazendo um apelo a republicanos do Congresso, o presidente criticou Xi Jinping e Vladimir Putin, que “pensam que a autocracias são a onda do futuro porque a democracia não funciona em um mundo tão complexo”.
— Há muitos autocratas no mundo que acreditam que vão vencer porque as democracias não conseguem mais chegar a consensos, enquanto as autocracias o fazem — afirmou Biden. — Esta é uma batalha entre a utilidade das democracias no século XXI e as autocracias. E nós vamos provar que a democracia funciona.
Os gastos no plano ocorreriam ao longo de oito anos. Se aprovados, deixariam para trás décadas de estagnação do investimento federal em pesquisa e infraestrutura e retornariam o investimento do governo nas áreas, como parcela da economia, aos níveis mais altos no mínimo desde a década de 1960.
As áreas cobertas no pacote incluem transporte, rede elétrica, indústria, treinamento de pessoal, habitação, pesquisa e desenvolvimento e acesso à internet banda larga, entre outros.
Biden disse que o plano tem duas partes, o “Plano Americano de Empregos” e o “Plano Americano para as Famílias”. Na quarta (31), ele só abordou a parte de empregos. A parte para as famílias deve ser apresentada no fim de abril, e, por ora, tem seu custo estimado em mais de US$ 1 trilhão.
Nancy Pelosi, a presidente da Câmara, disse esperar aprovar o pacote na Casa até 4 de julho. Funcionários da Casa Branca, contudo, esperam uma longa negociação. Ainda não está claro se, assim como no pacote de alívio da pandemia, os democratas tentarão novamente usar o processo orçamentário conhecido como reconciliação, que contorna uma obstrução republicana no Senado.
Esta pode, no entanto, ser a única via para o plano ser aprovado, dada a veemência dos ataques republicanos. O líder republicano no Senado, Mitch McConnell, de Kentucky, disse que conversou com Biden no começo da semana e afirmou que não apoiará a iniciativa.
— Se houver aumentos enormes de impostos e outros trilhões adicionados à dívida nacional, não é provável que apoie — disse ele na quarta-feira (31).
A Casa Branca calcula que, com os aumentos nas alíquotas de empresas de 21% para 28%, demorará 15 anos para compensar totalmente os custos dos gastos. Republicanos dizem que os aumentos de impostos podem reduzir a competitividade das empresas americanas, produzindo efeito oposto do almejado pela Casa Branca.
Neil Bradley, o diretor de políticas da Câmara de Comércio americana, afirmou que apoia um pacote de infraestrutura, mas que os maiores impostos para empresas se “equivocam perigosamente”.
— Elas vão retardar a recuperação econômica, e tornarão os EUA menos competitivos globalmente. É exatamente o oposto dos objetivos do plano de infraestrutura — disse.
O plano também muda a tributação sobre lucros no exterior de empresas americanas, o que pode dificultar a transferência de ativos para paraísos fiscais. Biden propôs um imposto global mínimo de 21%, em relação aos cerca de 13% que as empresas atualmente devem sobre seus lucros fora dos EUA.
O plano também prevê mudanças nas duas maiores fontes de emissão de carbono dos Estados Unidos: carros e usinas de energia elétrica. Há incentivos pesados para aumentar o uso de carros elétricos. Seu objetivo é zerar as emissões de carbono relacionadas à geração de energia até 2035, mas não está claro como esse objetivo poderia ser alcançado.
O próximo pacote deve ser centrado em cuidados infantis, saúde e educação, Espera-se que vá ser financiado por aumentos de impostos sobre os muito ricos, incluindo sobre a renda, ganhos de capital e propriedades. Com a nova iniciativa, o custo total subirá para mais de US$ 3 trilhões.

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